O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, afirmou neste domingo (28) que o presidente Donald Trump defende que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia sejam administradas pelos próprios palestinos assim que o conflito na região chegar ao fim.
“O presidente foi muito claro: ele realmente quer que Gaza seja controlada pelas pessoas que vivem lá, que a Cisjordânia seja controlada pelas pessoas que vivem lá, e que as redes terroristas em torno dos israelenses sejam desmanteladas, para que não voltem a representar uma ameaça, especialmente para civis inocentes em Israel”, disse Vance em entrevista à Fox News.
As declarações acontecem dias após Trump ter reiterado a líderes árabes e muçulmanos, à margem da 80ª Assembleia Geral da ONU, que não permitirá a anexação da Cisjordânia por Israel, território cuja ocupação é considerada ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça.
Na mesma reunião, o presidente norte-americano propôs que Gaza seja inicialmente administrada por um órgão de transição apoiado pela ONU e por países do Golfo, antes de ser entregue novamente ao controle palestino. Segundo a BBC, o nome sugerido pela Casa Branca para liderar o órgão é o do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
A proposta marca uma mudança em relação a planos anteriores de Trump, que sugeriam a retirada da população palestina para outros países e a transformação da Faixa de Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio”.
“Nunca é fácil, como aprendemos no Oriente Médio ao longo de muitos anos. Esse tipo de coisa avança aos tropeços, pode tomar rumos inesperados, mas acredito que o presidente nos levou a um ponto em que estamos na reta final. Estamos otimistas de que podemos cruzar a linha de chegada e conquistar algo realmente importante para a paz na região”, acrescentou Vance.
Pouco antes da entrevista, Trump publicou em sua rede Truth Social que trabalha em “algo especial” para o Oriente Médio. “Temos uma oportunidade real de alcançar algo grande. Todos estão prontos para algo inédito. Vamos conseguir”, escreveu.
Nos últimos dias, Trump tem afirmado que um acordo entre Israel e o Hamas está “muito próximo”. Ele também insiste na libertação imediata e simultânea de todos os reféns ainda em Gaza. Dos 251 sequestrados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro, 48 permanecem no território, sendo que cerca de 20 estariam vivos.
Um comitê independente da ONU e diversos países classificam a ofensiva de Israel em Gaza como genocídio. Até agora, mais de 66 mil palestinos foram mortos, incluindo mais de 19 mil crianças, desde o início dos ataques israelenses em resposta ao ataque do Hamas, que deixou cerca de 1.200 mortos, a maioria civis.