
Por muito pouco um registro histórico de Maringá não foi destruído durante as obras do Eixo Monumental. Uma inscrição feita na calçada do Grande Hotel Maringá, construído entre 1953 e 1956, que celebrava a virada do ano 1954 para 1955, foi preservada graças ao empenho de um pesquisador independente que monitora a peça há cerca de 15 anos. “Viva 1954 para 1955”, anota o registro na calçada.
José Carlos Cecílio, conhecido como JC Cecílio é o pesquisador que deu início a toda uma movimentação na quinta-feira, 20 de fevereiro, que resultou na interrupção do ‘quebra-quebra’ nas calçadas, que poderia dar fim ao um registro.
Segundo o pesquisador, que fotografa a inscrição periodicamente e acompanha o noticiário da cidade, foi por meio de uma foto que ele viu que as obras estavam chegando no local. Imediatamente Cecílio acionou o jornalista Ângelo Rigon que fez contato com o secretário de obras do município Arthur Tunes.
“Foi um grande estresse aquele dia. Trocas de mensagens a tarde toda. Só sosseguei quando o secretário me enviou uma foto no começo da noite mostrando a peça intacta”, diz Cecílio.


De acordo com o pesquisador, a existência da calçada histórica não é novidade. “A inscrição já era conhecida por muitos há muito tempo, mas ninguém deu importância, eu, no entanto, monitoro a cerca de 15 anos porque valorizo esse tipo de registro que não é oficial, é uma parte marginal da história, digamos assim, como se fosse uma pichação dos anos 50. Pra mim é algo histórico, uma arqueologia de 70 anos que tem que ser preservada”, diz.
O futuro da inscrição
O registro, que provavelmente foi feito por trabalhadores que atuavam na construção do hotel, fica em uma calçada bem perto da prefeitura, na saída da rua Arthur Thomas e ainda tem destino incerto. A sugestão de Cecílio é que a calçada seja mantida no local original, porém protegida com uma placa de vidro. “Para tirar o registro de lá há um risco muito grande de quebrar. Além disso, se for retirado do local corre-se o risco de ficar guardada e não ser exibida para a comunidade”, diz.


Segundo o secretário de obras públicas do município, Arthur Tunes, depois que a história da calçada veio à tona, o engenheiro responsável pela obra foi orientado a preservar o espaço até que seja definido o que fazer com o registro. “A ideia é manter no local e aí a secretaria de cultura tem a opção de fazer uma placa contando a história. A princípio vamos manter lá para garantir a integridade”, diz.