O delegado da Mulher de Cianorte, que faz palestras sobre o combate à violência contra a mulher em escolas, defende a importância das medidas protetivas, muitas vezes criticada como instrumento de proteção às mulheres. Na semana passada uma mulher foi vítima de feminicídio em Cianorte. A vítima não tinha medida protetiva.
O crime mais recente de feminicídio em na cidade aconteceu no dia 28 de maio. A vítima estava em São Paulo, mas retornou para uma cirurgia e foi morta a facadas, segundo a polícia, pelo homem com quem teve um relacionamento de três anos.
Para a polícia, um crime premeditado, diz o delegado da Mulher de Cianorte, Wagner Soares Quintão dos Santos.
“Eles tiveram um relacionamento entre idas e vindas por aproximadamente três anos, e no entanto, agora no momento da prática do crime, já estavam separados. Inclusive, as nossas investigações apontam que ele insistentemente pedia para voltar a restabelecer esse relacionamento e a vítima, já inconformada com agressões anteriores, repudiava qualquer tipo de reconciliação. E ela veio até a cidade, ela já tinha ido na casa dos filhos em São Paulo, e retornou essa semana para fazer uma cirurgia aqui na cidade. Foi quando, de forma insistente no dia anterior ao crime, ele queria encontrá-la e infelizmente conseguiu realmente fazer o encontro na casa da vítima e praticou esse crime, ao nosso ver, de forma premeditada”, afirmou o delegado Wagner Soares Quintão dos Santos.
“O suspeito foi preso em flagrante no dia, apesar dele tentar evadir-se do local, ele foi preso em outra cidade. A polícia realizou um trabalho muito eficiente no dia, realizou a prisão dele, conduziu à carceragem, foi autuado em flagrante e permanece preso à disposição da Justiça pelo crime de feminicídio consumado”, explicou o delegado.
A vítima não tinha medida protetiva. Embora haja crítica sobre a real eficácia de medidas protetiva porque em alguns casos, mesmo com esta proteção, mulheres morrem, o delegado defende o instrumento, que pode salvar vidas.
“Ela registrou um boletim no final do ano passado, mas deixou expresso no boletim de ocorrência que não pretendia solicitar medidas protetivas. Isso é um ponto muito importante para alertar a sociedade, sobre o quão protetiva é realmente essa medida quando a mulher pede. Porque dos casos que nós vimos aqui de feminicídio e tentativa de feminicídio, nenhuma das vítimas possuía medida protetiva em vigência. O que nos leva a concluir e reafirmar que a medida protetiva é um instrumento muito eficaz para a proteção das vítimas de violência doméstica”, defendeu o delegado da Mulher de Cianorte.
O delegado também defende a educação para mudar a cultura machista. Ele faz palestras em escolas levando informação sobre o tema a crianças e adolescentes.
“É um trabalho de grande relevância porque nós sabemos que a violência contra a mulher é uma parte de uma cultura machista da nossa sociedade e ela precisa ser descontruída desde a infância. Então é importante que as crianças já percebam que esse comportamento não é um comportamento que deve ser adotado desde o relacionamento entre crianças, para que na fase adulta realmente esse comportamento não seja normalizado e aconteça situações como essa, de chegar a um feminicídio. A gente, então, pretende incutir na mentalidade das crianças e dos adultos que esse ciclo deve ser interrompido com a denúncia e também com medidas para que a vítima possa realmente sair desse ambiente de violência”, concluiu Wagner Soares Quintão dos Santos.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2023, o Brasil registrou 1463 casos de feminicídio, um número 1,6% maior na comparação com 2022.
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